segunda-feira, 7 de janeiro de 2008



30.10.2005
Zeca Camargo entrevista o Green Day

O que pode ser melhor para uma banda de rock do que ter muito sucesso? Bem, no caso do Green Day, ter muito sucesso de novo.
2005. Se você quer falar com uma banda realmente poderosa essa banda é o Green Day. Não só nos Estados Unidos, mas no mundo inteiro. Isso foi uma surpresa para eles?
“Mais ou menos. A gente queria mesmo fazer nosso disco mais ambicioso, lotar estádio, sonhar alto, fazer com que as pessoas ouvissem cada palavra da música, e acho que chegamos lá”, responde Billie Joe Armstrong, vocalista da banda.
Não duvide! American Idiot, seu último trabalho, vendeu oito milhões de cópias pelo mundo. Ganhou todos os prêmios de música esse ano e o Green Day está praticamente há um ano na estrada fazendo shows. Nada mal para uma banda que estourou em 1994.
“A gente vê fâs adolescentes nos shows. Quando saiu nosso primeiro disco, eles tinham cinco anos. Duvidem que naquela época eles estavam ouvindo músicas sobre masturbação, nossa obsessão há dez anos”, diz Billie Joe.
De fato, hoje, o Green Day mudou de assunto. Aliás, a grande surpresa é ter feito sucesso falando de algo tão difícil.
“O tema do disco é a política americana, como o sonho americano está acabando, o mundo em que vivemos hoje”, comenta o vocalista.
Mike Dirnt, o baixista do Green Day, sabia que eles estavam correndo um risco. “Não sabíamos se ia dar certo. Era pra estourar ou quebrar a cara, mas não podíamos deixar de tentar”, diz ele.
Billie completa: “Fomos contra o clima pós-11 de setembro. As pessoas perderam a liberdade de expressão em troca de mais segurança, parecia existir uma ordem: ‘não fale de certos assuntos!’. Só que isso, para nós, era mais uma provocação. Justamente falar do que não podia”.
A aposta ousada deu certo. Criticando o governo americano e acabando com as ilusões de que seu país é um paraíso prometido, o Green Day encontrou novamente o sucesso.
Billie ainda acha que eles acertaram no tom das críticas porque foram honestos. “Quando você escreve uma canção política ela tem que vir do mesmo lugar de onde você tira uma de amor. Tem que ter pureza. Não é só chegar e falar: ‘você está errado, errado!’. Você já ouve bastante de gente como Donald Rumsfeld”.
Uma cutucada no secretário de defesa americano. Mas se a mensagem está tão diferente, o que não mudou nesses 10 anos?
“A energia da banda”, responde Tré Cool, o baterista e membro mais quieto do Green Day.
Dá pra arriscar também que o bom-humor deles continua o mesmo. Ao comentar sobre a possibilidade desse trabalho virar um musical na Brodway, Mike sugere: “Quem sabe os três tenores não gravam uma versão do disco?”.
Ou quando perguntados sobre o que vem pela frente, depois de algo tão grandioso, ele ataca de novo: “Vamos fazer o idiota americano, parte 2, e depois o gênio americano”. Tré Cool completa: “Porque uma versão do idiota brasileiro?”.
Só brincando mesmo. O futuro não parece preocupar o Green Day. Não é, Billie? “Quer saber mesmo? O mais excitante de tudo é não saber o que vai dar, pra onde ir agora”.

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